sexta-feira, 16 de maio de 2008

CAMPONÊS CIDADÃO

Camponês de pulso forte
Muito honrado cidadão
Sem terra e nenhum trabalho
Procurou uma solução
Pertencer ao movimento
Dos sem terra no sertão.

No momento estranhado
Muitas coisas entendeu
Na primeira reunião
Que foi feita apareceu
Da luta ficou berm claro
E quase tudo aprendeu.

Decidiu encorajar
Fazer uma ocupação
Logo em seguida o despejo
acabou com a ilusão
O fazendeiro e a polícia
Fizeram a danação.

Atiraram ao relento
O que estava no barraco
Ficou todo desgostoso
Pôs tudo dentro dum saco
Naquele mar tenebroso
Desgosto de ser tão fraco.

Juntando todos os filhos
a mulher ele deu o braço
O que tinha carregava
Quase tudo era bagaço
Não adiantava chorar
E nem fazer um rechaço.

Foi aprendendo depressa
Da gente sua bondade
Do sentido da união
aprendeu sua verdade
Entre iguais há de ter sempre
Amor e sinceridade.

Junto com os companheiros
em uma outra ocupação
Decidiram que fazer
Através de votação
Assumiu a liderança
Por ser um bom cidadão.

Como líder conduzia
O seu povo para a luta
Nos momentos cruciais
Não se usava força bruta
Usava negociação
Com decisão resoluta.

Com a terra preparada
No chão plantou a semente
Aquela hora não foi boa
a mulher caiu doente
E morreu a pobre coitada
De uma doença inclemente.

Ficou só com as crianças
Sofreu muita privação
Mas cuidou da sua roça
Com amor e devoção
Na hora que foi colher
Veio grande decepção.

Era de madrugadinha
Antes do galo cantar
Ouviu-se uma barulheira
Foi lá fora pra espiar
Viu gado dentro da roça
Estava solto a pastar.

O seu coração esfriou
Sangue na veia gelado
João não acreditava
No que tinha se passado
O capanga cortou a cerca
Todo gado foi soltado.

A surpresa foi maior
Quando avistou os soldados
Eram muitos não contou
Eles estavam espalhados
Atearam fogo em tudo
Barracos foram queimados.

Foi uma tristeza imensa
Ao ver os filhos chorando
Com o olhar desiludido
Viu um amigo carregando
Em seu colo uma velhinha
Já caduca soluçando.

Não pôde ficar calado
Quis impedir a desgraça
Foi preso como um ladrão
Riam fazendo pirraça
E agiam como insetos
destruindo feito traça.

Amargou numa prisão
Mas não era um criminoso
Não demorou muito tempo
O seu destino penoso
Deram-lhe a liberdade
Não era tão perigoso.

Devagar voltou pra luta
Para afrontar o grileiro
Começou tudo de novo
Com seu jeito tão matreiro
O pessoal admirava
Aquele bom companheiro.

Dessa vez houve justiça
Feita com sabedoria
Ele ganhou sua terra
Bem do jeito que queria
Plantou tudo direitinho
Como muito bem sabia.

Acabou toda tristeza
De um homem trabalhador
Desafiou poderosos
demonstrando seu vigor
Fez valer sua coragem
Um homem de grande valor.

No barraco seus filhinhos
Hoje tem o que comer
Tirando tudo da terra
Trabalhando pra valer
Nunca lhe faltará nada
Enquanto feliz viver.

F I M



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