quinta-feira, 15 de maio de 2008

LITERATURA DE CORDEL

E AGORA JOSÉ

José nasceu no Nordeste
Viajou de pau-de-arara
Os pais eram muito pobres
Mas de uma coragem rara
José cresceu na cidade
São Paulo que nunca pára.

Trabalhou de ajudante
Como serviços gerais
Vivendo em periferia
Fome não passava mais
Conhecendo muita gente
E amparado pelos pais.

Quando adulto e independente
Inda era um analfabeto
Não dependia dos pais
Queria deles o afeto
Ouvia todos conselhos
Pra seguir caminho reto.

José passou a matutar
E tomou uma decisão
Não dava mais pra viver
Perdido na escuridão
Resolveu se preparar
Pra enfrentar o mundo cão.

Ele estudava de noite
E de dia trabalhava
Logo nas primeiras letras
Sua mente já brilhava
Vivia morto de sono
O cansaço lhe pegava.

José via companheiros
Do seu jeito até sorrir
Chamavam ele pra festas
Precisava divertir
Não ficava encabulado
De nunca poder sair.

Os anos foram passando
E ele ficando letrado
Pôde mudar de emprego
A vida mudou um bocado
Não demorou muito tempo
Ele já tava formado.

Com o diploma na mão
Outro caminho ele seguiu
Queria ser professor
Bem disposto conseguiu
Era mal remunerado
Mas o progresso sentiu.

Não pensava em riqueza
Só a família sustentar
Mesmo assim tava difícil
E teve que desdobrar
Ele sempre dava um jeito
Pra não parar de estudar.

Formado em letras que era
Lia tudo que encontrava
Acumulando cultura
Que nenhum lugar tomava
Descobria novidade
E mais ainda aprofundava.

Até a pedra do caminho
Lutando ele removeu
De féria lá nas Gerais
Um poeta conheceu
Era um escritor famoso
Com ele muito aprendeu.

Voltando de suas férias
Resolveu mudar de meta
E pensou agora José
Alguma coisa lhe afeta?
Além de ser professor
Inventou de ser poeta.

Do Nordeste conheceu
Um poeta de cordel
Que à cultura popular
Era mais do que fiel
Com ele fez parceria
E caiu a sopa no mel.

Hoje dá conta das aulas
Chamam ele de artrista
Humildemente ele diz
Sem muito engrossar a vista
Sou artista popular
Um poetaq cordelista.

F I M

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