Eu não consigo esquecer
De uma festa com fogueira
Em noite de São João
Ninguém sentia canseira
Da sanfona bem tocada
E do baile a noite inteira.
Vinha toda a vizinhança
E trazia a molecada
Menino homem num canto
E menina separada
Só brincadeira de roda
Pra juntar a meninada.
O bom mesmo era esperar
O dia nunca passava
A noite estava distante
Meu Deus como demorava
Eu ficava agoniado
Até que o povo chegava.
Rezar terço lá em casa
Era mais que devoção
Promessa da minha mãe
Feita em hora de aflição
Antes do início da festa
Se cumpria a obrigação.
A gente era bem criança
E pra reza nem ligava
Não entendia direito
O que o rezador falava
Era o que vinha depois
O que mais interessava.
Lembro muito dos benditos
Que cantavam no final
Um canto de voz sentida
Difícil ver outro igual
Cantavam com força e fé
Pra espantar todo mal.
O altar era desmontado
Acabando a hora sagrada
O sanfoneiro sentava
E a festa era começada
Adultos iam pra dança
Pro terreiro a molecada.
Brincadeiras corre-corre
Busca-pé traque e bombinha
Brincavam de lenço atrás
As meninas cirandinha
Cantos que o tempo levou
Com a alegria que eu tinha.
As moças namoradeiras
Exibiam com esperança
Os passos cadenciados
Com moços na contradança
Aqueles que não dançavam
Fartavam na comilança.
Assim a noite passava
E ninguém tava cansado
Quando o baile terminava
O sol já tinha raiado
Com todo mundo feliz
Tranqüilo e realizado.
Hoje longe na cidade
Só a lembrança na memória
Recordando minha infância
Toda conquista e vitória
Com que fiz a minha vida
Construindo minha história.
F I M
domingo, 18 de maio de 2008
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